Conheça mais sobre o projeto que atua em Paraisópolis e dá aos seus alunos a possibilidade de sonhar com um futuro nas artes.
Por Camilla Almeida
O projeto Ballet Paraisópolis foi fundado no ano de 2012, com o objetivo de incentivar jovens e adolescentes a buscar por melhores oportunidades de vida por meio do ensino da dança clássica e contemporânea. “Me cansei da parte particular e queria trabalhar e fazer algo muito sério, com os melhores profissionais da área, mas trabalhar com as crianças que queriam e precisavam de oportunidades” , diz Monica Tarragó, bailarina, professora, coreógrafa e fundadora do Ballet Paraisópolis.
A iniciativa, que conta com 200 alunos, garante aos seus participantes um amplo ensino artístico que passa por várias modalidades no campo da dança, como a contemporânea, jazz, musical, danças populares e principalmente, o ballet clássico. “O objetivo sempre foi mostrar - não só para Paraisópolis mas para o Brasil - que ser bailarino é uma profissão”, relata a fundadora, que encontrou certa dificuldade em encontrar recursos e apoio para estabelecer o projeto na comunidade. Entretanto, atualmente, o Ballet Paraisópolis conta com mais de 2 mil crianças na lista de espera por uma vaga no projeto.
“Estar no Ballet Paraisópolis aumenta sua lupa sobre o que é trabalhar em comunidade” afirma Christian Casarin, coreógrafo do Ballet Paraisópolis. “Estamos aqui, somos da periferia mesmo e nós somos potentes e capazes de estar aonde quisermos estar”, adiciona o professor. O projeto coleciona prêmios no Festival de Dança de Joinville e já levou seus bailarinos a Nova Iorque para dançar na XVII Gala New York, colocando assim, o nome de Paraisópolis e da periferia paulista ao destaque mundial.
Com sua fama internacional, o projeto é um ótimo exemplo de como o incentivo à dança nas periferias oferece às crianças e jovens da comunidade a possibilidade de mostrarem seus talentos e batalharem por seus sonhos na arte. Tal oportunidade se destaca em meio a um cenário histórico de sucateamento e desmonte de políticas voltadas para o estímulo à cultura no Brasil, como foi possível ver com a vinculação da Secretaria Especial da Cultura, ao Ministério do Turismo, no ano de 2019.
O Ballet Paraisópolis, além de trabalhar na área cultural, também realiza um importante trabalho de dar apoio às famílias de seus alunos. Durante a pandemia, o projeto solicitou ajuda de seus patrocinadores e apoiadores e conseguiu distribuir cestas básicas para a comunidade. Além disso, são oferecidas aulas de inglês e apoio fisioterapêutico aos participantes do projeto. Tudo isso só destaca a essencialidade do Ballet Paraisópolis para a comunidade e ainda reforça a relevância de projetos sociais culturais dentro das periferias.
Em entrevista ao Central Periférica, a aluna Giovana, de 20 anos, compartilhou sua trajetória dentro do projeto. "Acredito que vir da periferia é difícil. As pessoas desacreditam muito, dizendo ‘ali não tem talento e coisas boas’ e a gente aqui está mostrando o contrário.” disse Giovana, destacando o caráter transformador e ‘abridor de portas’ do Ballet Paraisópolis. A bailarina também diz que luta pelo reconhecimento e valorização da profissão, além de estar ansiosa para o retorno aos palcos no cenário pós-pandemia.
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