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Centro Cultural Vila Prudente: um achado na cidade

Fundado pelo missionário irlandês Patrick Clarke, o Centro resiste à crise financeira como um lindo exemplo de trabalho comunitário



[Acervo pessoal/ Renan Affonso]


Por Renan Affonso, Lívia Uchoa, Jônatas Fuentes, Gabriel Reis, João Chahad e Isabella Gargano


O Centro Cultural Vila Prudente- CCVP, localizado na Zona Leste de São Paulo, foi fundado pelo missionário Patrick Clarke há mais de 30 anos, tendo como foco o atendimento de crianças e jovens da favela da Vila Prudente. Por meio de atividades socioeducativas e integrativas, o Centro permite que elas tenham acesso a um espaço seguro rico em arte e cultura.


"Nosso processo de ensino e aprendizagem deixa-os sempre no centro das escolhas e tomadas de decisões para que dessa forma, estimulem o desenvolvimento do protagonismo individual e elevação da autoestima”- Centro Cultural Vila Prudente


As crianças participam dos projetos no período de contraturno da escola. Atualmente, o Centro oferece aulas de artes visuais e dança às segundas e quartas, e aulas de audiovisual e percussão de terça e quinta. Os projetos tem como objetivo desenvolver o intelectual e emocional das crianças, integrando suas produções e aprendizados com a realidade das favelas.

Releituras da obra de Vincent Van Gogh feitas pelos alunos do projeto em uma de suas oficinas [imagem: Acervo pessoal/ Gabriel Reis]


Além das aulas, os alunos recebem suporte para alimentação, através de cestas básicas e refeições completas durante o período que estão nas oficinas. Por conta desse apoio, o Centro aceita doações, além de apadrinhamentos disponíveis a partir de R$1,00 por mês.


Do MDF ao Centro Cultural: a história

Em meados de 1977 o padre irlandês Patrick Clarke, membro da congregação do Espírito Santo, ajudou a fundar o Movimento de Defesa do Favelado (MDF) depois de caminhar por algumas favelas na zona leste de São Paulo. O movimento surgiu com o objetivo de ajudar os moradores na luta pela cidadania e dignidade dentro das comunidades, trabalhando a quase 50 anos como agente de transformação e resistência.


Após fundar o MDF, o padre Patrick, percebendo a triste realidade da região, criou o Centro Cultural. O projeto acontecia inicialmente no prédio São Francisco, onde antigamente os moradores da favela velavam os corpos das pessoas que morriam em confrontos dentro da comunidade.


“Ele [padre Patrick] pegou o prédio para ressignificar, e transformou, há 33 anos atrás, em um espaço de cultura” explicou Karina em entrevista para o Central Periférica. “O padre não queria um espaço focado na educação e nem na assistência social, o foco era apresentar às crianças outras culturas e desenvolver suas potencialidades” acrescentou.

Karina, coordenadora do Centro, participou do grupo de jovens do MDF aos 12 anos [imagem: Acervo pessoal/ Renan Affonso]



Com o passar do tempo, o padre juntou dinheiro de doações e começou a comprar casas pela comunidade para expandir o Centro, que agora conta com quatro prédios. “Cada prédio tem um nome, o ateliê é o Darcy Ribeiro, meu escritório fica no Nossa Senhora de Guadalupe, a cozinha é o Chico Mendes e o último é o São Francisco”, afirmou Karina.

Apesar da grande influência religiosa em sua estrutura, as atividades do Centro Cultural não se baseiam em religião. [Imagem: Acervo Pessoal/ Gabriel Reis]


Atualmente, o padre está afastado das atividades por conta de problemas de saúde. Mas, até hoje, é responsável por conseguir grande parte da verba que sustenta o centro cultural, a partir de doações no Brasil e na Irlanda.


A crise do Centro

Desde o início de sua trajetória, o centro sobrevive de doações. Antigamente uma parte da verba era obtida por meio das oficinas de arte sacra, onde as crianças aprendiam a confeccionar mosaicos com azulejos que eram vendidos, pelo padre, para os irlandeses.


O que mais dificulta o trabalho do Centro Cultural atualmente é a questão financeira: “público a gente tem, temos até fila de espera, as crianças gostam de vir, mas a gente tem que pagar os funcionários, por isso estamos atendendo só de segunda a quinta-feira, para diminuir os custos com funcionários na sexta”, declarou a coordenadora.


Sobre a ajuda financeira do governo, Karina comentou que depende de editais da prefeitura que normalmente duram entre seis meses e um ano, o que acaba gerando uma instabilidade financeira praticamente insuperável. “Agora com a pandemia, a verba diminuiu bastante e estamos em uma crise financeira, já que não temos o apoio fixo do governo”, explicou.


O centro cultural já foi vítima de uma enchente em 2019, que fez com que o antigo piso de madeira da sala de dança estragasse. A sala precisou ficar interditada enquanto as reformas aconteciam. Toda essa instabilidade foi ainda mais agravada com a pandemia da Covid-19.

Sala atingida pela enchente em 2019 [imagem: Acervo pessoal/ Renan Affonso]


Mantendo o sonho vivo

O Centro Cultural tem a perspectiva de expandir seu projeto para além das atividades já disponibilizadas. Em setembro deste ano, ocorrerá a apresentação do projeto de vídeo produzido inteiramente pelos alunos da turma de audiovisual. “Eles estão super orgulhosos”, contou a coordenadora.

[Imagem: Acervo Pessoal/ Gabriel Reis]


A equipe também planeja oferecer aulas de capoeira e teatro, formando uma dupla de projetos que envolvem a expressão corporal como forma de arte, cultura e mensagem. No momento, ambos os projetos têm previsão de ocorrer às sextas-feiras, porém há possibilidade de remanejamento da data das aulas.











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