O sancionamento da lei nº8.131/2017, conhecida como o programa Brasil Sorridente, traz esperança à população que depende do SUS para tratamento dentário
Por Gabriela Cecchin, José Adryan, Joseph dos Santos,
Luíse Silva, Luiza Miyadaira, Tauane Ybarra
Nas periferias das grandes cidades brasileiras, milhões de cidadãos enfrentam desafios cotidianos, mas uma iniciativa do Sistema Único de Saúde (SUS) está iluminando o horizonte. O retorno do programa Brasil Sorridente, dedicado aos cuidados odontológicos, está revolucionando a vida dos moradores dessas comunidades, proporcionando não apenas sorrisos saudáveis, mas também renovando esperança e resgatando a dignidade.
A deficiência dos programas de saúde bucal
No vasto território brasileiro, o Sistema Único de Saúde (SUS) desempenha um papel vital na garantia do acesso à saúde para milhões de cidadãos, tornando-se um pilar fundamental do sistema de assistência médica do país. No entanto, quando se olha especificamente para os programas odontológicos oferecidos pelo SUS, uma dura realidade se revela: a precariedade desses serviços é uma faceta preocupante do sistema de saúde brasileiro.
Embora o SUS tenha desempenhado um papel crucial na promoção da saúde bucal em comunidades carentes e na periferia, muitos desafios persistem. A falta de infraestrutura adequada, recursos insuficientes, carência de profissionais especializados e a falta de acesso a tratamentos odontológicos básicos continuam a ser obstáculos significativos para milhões de brasileiros. É necessário que mudanças ocorram, pois 7 em cada 10 brasileiros dependem do SUS para tratamento, diz o IBGE, dado que reforça a urgência do SUS em receber investimentos e capacitações no programa para cessar com problemas de infraestrutura deficitária.
A volta do Brasil sorridente
O Sistema Único de Saúde (SUS) tem buscado expandir o acesso aos cuidados odontológicos na periferia como parte de sua missão de promover a saúde e a qualidade de vida de todos os brasileiros, independentemente de sua localização geográfica ou condição socioeconômica. Essa expansão tem sido realizada por meio de uma série de iniciativas, como a volta do programa Brasil Sorridente e estratégias que visam levar serviços odontológicos de qualidade às comunidades mais carentes.
O Programa Brasil Sorridente é uma iniciativa fundamental do SUS que visa oferecer atendimento odontológico gratuito e de qualidade em todo o país. Este programa é composto por diferentes componentes, incluindo equipes de saúde bucal que atuam na atenção básica, clínicas especializadas, laboratórios de próteses dentárias e unidades móveis de atendimento odontológico. Ele desempenha um papel essencial na expansão do acesso à saúde bucal na periferia, levando serviços de prevenção e tratamento para comunidades que antes enfrentavam grandes dificuldades em obter cuidados odontológicos.
"O Brasil já foi um país com um índice de desdentados muito grande, anos atrás", diz Ana Carla Andrade, cirurgiã-dentista que já trabalhou no programa Brasil Sorridente. "Era importante para o Índice de Desenvolvimento Humano que a pessoa tivesse os dentes na boca. Um dos conceitos de saúde é o bem-estar social, econômico, histórico, enfim, a pessoa se sentir bem, e não simplesmente a ausência de uma doença."
A expansão do acesso aos cuidados odontológicos na periferia é um compromisso contínuo do SUS, visando melhorar a saúde bucal da população brasileira e promover uma melhor qualidade de vida para todos, independentemente de onde vivam. Embora os desafios ainda existam, o progresso realizado até o momento representa um passo significativo na direção certa.
"Qual é a previsão que se tem quando se cria um programa voltado para a odontologia? É prevenir", diz Ana Carla. "Dentro do posto de saúde, além de a gente tratar uma doença periodontal, tratar uma dor de dente, a gente previne que a pessoa chegue a um quadro de doença. É muito forte dentro do SUS as campanhas de prevenção."
A volta do Programa Brasil Sorridente e outras iniciativas do Sistema Único de Saúde refletem o compromisso de promover um Brasil sorridente, onde o acesso aos cuidados odontológicos não seja mais um luxo, mas sim um direito de todos os cidadãos. A expansão desses serviços nas periferias do país é um passo importante na direção de uma saúde bucal equitativa e de qualidade para todos, fortalecendo assim a missão do SUS de proporcionar uma melhor qualidade de vida, independentemente de onde as pessoas vivam.
Em nota enviada à reportagem, a Secretaria Municipal de Saúde informou que a maior parte das UBSs administradas pela Prefeitura de São Paulo possui pré-atendimento odontológico. Leia o comunicado abaixo:
“Atualmente, das 470 Unidades Básicas de Saúde (UBSs) do município, 426 (90,6%) contam com equipes de saúde bucal (eSB). Essas equipes são responsáveis pela assistência odontológica da população com procedimentos que contemplam, principalmente, a execução de restaurações, exodontias, profilaxias e procedimentos para a confecção de próteses totais ou parciais removíveis.
Para iniciar o tratamento odontológico rotineiro, o paciente deve buscar pelo serviço na UBS mais próxima de sua residência e passar pela triagem de risco odontológico, que verifica a presença de cárie, problemas periodontais, má oclusão e alterações em tecidos moles.
Os endereços e horários de funcionamento de todos os serviços de urgência com atendimento odontológico encontram-se no site da SMS.
Em janeiro de 2023, foram realizados 201.626 atendimentos de odontologia em toda a rede municipal, incluindo UBSs, AMAs, Serviços de Atendimentos Especializados em Infecções Sexualmente Transmissíveis (SAEs/ISTs), Centros Especializados em Odontologia (CEOs) e unidades da Rede de Urgência e Emergência (RUE) do município. Ao longo de 2022, foram realizados 1.815.933 atendimentos odontológicos nos mesmos equipamentos, enquanto em 2021, 2020 e 2019 foram registrados 1.160.268, 1.048.660 e 2.163.601 atendimentos, respectivamente.”
Faculdade de Odontologia da USP no apoio a Saúde bucal de funcionários e alunos
A Faculdade de Odontologia da USP disponibiliza uma série de tratamentos gratuitos para funcionários, alunos e moradores da região, tudo de forma gratuita. Apesar de enfrentar alguns problemas o programa tem ajudado muitas pessoas sem condições de buscar um serviço privado a ter uma boa saúde bucal
O projeto acontece desde 2015 ajudando milhares de pessoas, mas apesar dos bons profissionais e equipamentos a disposição, o serviço costuma demorar para atender a novas inscrições, podendo deixar pacientes longos períodos na fila de espera pela alta demanda. Bruna Correia, uma das alunas da USP que retirou o siso pelo projeto, conta: “É um serviço pouco divulgado, eu só fiquei sabendo pois minha ex chefe que é funcionária da USP me indicou, fazia todo o tratamento lá, limpeza, canal e etc, ela me falou sobre, eu me inscrevi e foi muito bom”.
Ainda sobre a qualidade do serviço, Bruna ressaltou: “A experiência é muito boa, tem um ótimo atendimento, os equipamentos e os profissionais são ótimos, nível de dentista particular mesmo, tudo muito bom.”
A grande dificuldade tem sido a alta demanda, que causa muita espera. Sobre isso a aluna ressaltou: “Eu acho que o único problema é que a fila é muito grande, acho que devido a crise econômica as pessoas não estão conseguindo pagar planos de saúde odontológica né, eu esperei mais de um ano para ser atendida, me inscrevi no meio do ano passado e só houve o retorno no mês passado”.
Apesar das dificuldades, o projeto segue recebendo inscrições e atendendo pessoas de forma gratuita, as inscrições são feitas pelo site da SAU. Lá também está informado todas as especificações necessárias para ser atendido.
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