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  • Laura Guedes

Arte no Dique: uma lição de cidadania

Atualizado: 10 de jul. de 2021

Iniciativa faz a diferença em área carente da Baixada Santista


[Colagem por Laura Guedes: Divulgação Arte no Dique/Nice Gonçalvez / Freepik]

O Arte no Dique é um instituto criado em 2002 no Dique da Vila Gilda, em Santos, litoral de São Paulo. A organização oferece um novo caminho para os moradores da região, por meio de oficinas, cursos, cultura e assistência. Há um trabalho para possibilitar o aprendizado de ofícios, o ingresso na música e a edificação de cidadãos conscientes.


Fundada por José Virgílio Leal de Figueiredo, no início dos anos 2000, a ONG resultou de uma parceria do Instituto Elos com o Grupo Olodum da Bahia e a, hoje, Comissão de Moradores do Arte no Dique. O projeto se localiza nas proximidades da maior favela de palafitas do Brasil, que abriga 26 mil pessoas, com o menor Índice de Desenvolvimento Humano de Santos.

[Divulgação Arte no Dique/Nice Gonçalvez]


Entre as atividades da organização estão os programas focados em educação. A Escola Popular de Arte e Cultura e as oficinas diversas – como de instrumentos musicais, esportes, panificação, manicure e outras – levam ao público de idades variadas oportunidades de formação profissionalizante. O fundador explica que esses cursos são cruciais para que os alunos consigam empregos mais rápido e sejam capazes de sustentar suas famílias. Além disso, existem colaborações com universidades que rendem desde bolsas de estudo até o proveito de projetos geridos por elas. Há, ainda, a união com o Educafro, cursinho pré-vestibular popular na Baixada Santista, destinado, preferencialmente, a pessoas pretas e de baixa renda.


[Imagem: Divulgação Arte no Dique/Nice Gonçalvez]


Definido por José Virgílio como o carro-chefe da Instituição, o Coletivo Querô representa o objetivo do Arte no Dique de capacitar mão de obra para a arte, a cultura e o entretenimento. Trata-se de aulas de percussão para crianças e jovens lideradas pelo mestre Edson Cabeça. O ritmo diferencia-se do Olodum, possui identidade própria. O responsável pela organização descreve que por intermédio dos tambores – com toda sua importância, disciplina e origem – o Coletivo tem papel essencial em formar cidadãos.


As apresentações desses músicos da ONG já chegaram na Europa. Os intercâmbios internacionais deram a muitos alunos a chance de apresentar seu trabalho no exterior. Gabriel Prado foi um dos beneficiados. Membro do Coletivo Querô, ele viajou com o grupo para Paris e Barcelona e decidiu seguir a carreira fora do país. Hoje, mora na Itália, onde atua como percussionista. Gabriel declara que a ONG mudou sua vida e que “o Arte no Dique é o projeto social que nos faz levantar a cabeça, que não faz a gente querer que alguém sinta pena da gente, pelo contrário, é o que nos dá força para seguir adiante e lutar pelo nosso sonho”. Segundo ele, “foi quem me deu a luz no fim do túnel de poder enxergar que com a música eu poderia fazer uma carreira, com a música eu poderia ajudar minha mãe, com a música eu poderia ajudar outras crianças”.


[Imagem: Instagram/gabrielpradomusic]


[Divulgação Arte no Dique/Nice Gonçalvez]


É indispensável ressaltar, também, a relevância de outras ações realizadas pelo Instituto, como o Arraial do Arte, que acontece durante a Festa Junina e contribui para o comércio local. O Som das Palafitas é outro acerto: leva música popular ao Dique sem custo. De acordo com o criador e presidente, nomes como Moraes Moreira, Hamilton de Holanda, Armandinho e Luiz Caldas cantaram no evento. Ainda vale citar a Semana Cultural Primavera – voltada à sustentabilidade –, a Mostra Cultural Plínio Marcos – com shows de alunos e de artistas de renome –, e o Cine Maria Mulata – com sessões de filmes infantis para a comunidade.



Divulgação Arte no Dique/Nice Gonçalvez


Em suma, o Arte no Dique é uma iniciativa exemplar no campo da cidadania e amplia as oportunidades àqueles que são invisibilizados pela maioria da sociedade. Pela arte, pela cultura e pela educação, o Instituto transforma a vida dessas pessoas. Durante a pandemia, a ONG voltou suas forças para, ainda mais, ajudar até nas necessidades básicas dos mais pobres. Clique aqui para ler mais!

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