Instituto reforçou o auxílio à comunidade carente
A ONG Arte no Dique, conhecida por seu desempenho educacional e cultural, está empenhada em promover mais ações de assistência socioeconômica desde o início da epidemia global de Covid-19 no Dique da Vila Gilda. Por meio de campanhas solidárias de doação de alimentos, equipamentos de proteção e de higiene, além de cuidados com a saúde mental, a organização ajuda os habitantes dessa região ainda mais precarizada pelo caos sanitário.
Maior favela de palafitas do Brasil e área mais pobre de Santos-SP, o Dique da Vila Gilda foi especialmente atingido pelo coronavírus. O bairro no qual está situado, o Rádio Clube, está entre os dez com os maiores números de casos na cidade. Deve-se levar em consideração, ainda, a subnotificação presente nessa periferia. As condições do local tornam o cumprimento de medidas contra a doença mais difícil: os casebres – a maioria de madeira – são grudados um no outro e abrigam grande quantidade de pessoas em pequenos cômodos. Além disso, o desemprego entre os moradores cresceu durante esse período, o que elevou os problemas financeiros da comunidade.
Diante desse alarmante cenário, o Instituto logo agiu, com destaque para a campanha “No Dique, gente é para brilhar! E não para morrer de fome”. Segundo dados do site da instituição, 1478 cestas básicas foram doadas, de maneira a superar em quase 50% o objetivo original. Com a insuficiente atenção do governo federal frente a essa urgente situação, o terceiro setor e a sociedade civil se conectaram em prol dos que mais precisam.
O fundador e presidente do Arte no Dique, José Virgílio Leal de Figueiredo, conta que assim que a pandemia começou, buscou unir forças para atender as 26 mil pessoas que vivem naquelas proximidades. Ele relata que passou a receber uma grande quantidade de pedidos de alimentos e de outros itens de primeira necessidade. De acordo com o responsável pela ONG, “é inadmissível em pleno século XXI o volume de pessoas que estão morrendo de fome”. A Instituição, que realizou parcerias com a rede pública e privada, efetua doação de cestas básicas, máscaras, cartões de alimentação, limpeza e higiene.
O zelo do Instituto com a segurança alimentar dos moradores da Vila Gilda não teve início somente com a tragédia do Covid-19. José Virgílio explicou que cedeu um terreno em frente à sede da organização para a prefeitura de Santos construir um restaurante “Bom Prato” – que serve refeições a um real –, inaugurado em 2018. Assim, cidadãos locais puderam ter acesso a um prato de comida por um valor acessível, o que auxiliou muitas pessoas e agora, com a epidemia mundial, faz-se ainda mais relevante.
A preocupação do Arte no Dique chegou até no âmbito psicológico dos habitantes da região. Seu presidente descreveu que, ao ser procurado pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) para desenvolver um projeto em conjunto, sugeriu um centro de atendimento à família, com foco no tratamento da saúde mental. Ele justificou que “a depressão está aí nessas pessoas, muita gente nem sabe o que é depressão”, complementando que “os suicídios aumentaram consideravelmente”. O centro contará com psiquiatra, psicólogo, médico de família e atendente preparado. A documentação ainda precisa ser finalizada, mas o projeto já se mostra importante. O processo será bancado pela Fundação São Paulo e a prefeitura deve assumir a responsabilidade a partir de 2023, esclarece José Virgílio.
[Imagem: Reprodução/Freepik]
Portanto, as ações do Arte no Dique em relação à pandemia mostram, mais uma vez, a relevância da ONG, que possui uma excelente atuação desde 2002 na comunidade da Vila Gilda. Na falta de atitudes efetivas e rápidas do Poder Federal, o terceiro setor cultiva alianças em vários campos e executa um necessário e bonito trabalho de socorro ao próximo, principalmente em tempos difíceis como o atual.
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