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Quadras de S. Paulo são inseguras para 82% da população

Pesquisa sobre espaços para prática esportiva revela insatisfação com segurança, qualidade e escassez de opções


Por Gabriela Cecchin, José Adryan, Joseph dos Santos,

Luíse Silva, Luiza Miyadaira, Tauane Ybarra


A pesquisa Viver em São Paulo, realizada em 2019 pela Rede Nossa São Paulo, mostrou que 82% dos paulistanos classificam as quadras poliesportivas municipais como pouco ou nada seguras para crianças e adolescentes. O levantamento também revelou que 25% dos usuários consideram a qualidade desses espaços como ruim ou péssima de maneira geral.


Praticante de basquete, Jehfrey Silva se queixa da qualidade das quadras públicas que utiliza na zona oeste: "Estão totalmente esquecidas e desgastadas. As linhas no chão estão apagadas. Não tem manutenção preventiva". Segundo o estudante de educação física, falta o essencial para a prática do esporte: os aros. "Em menos de três meses roubaram os aros da tabela de basquete".


Morador de Carapicuíba, Jehfrey conta que o cenário é diferente no parque Villa Lobos, na zona oeste da capital, onde as quadras foram concedidas à iniciativa privada. "Lá eles colocaram redes de ferro. Eu achei interessante, porque é muito mais difícil você roubar uma rede de ferro", compara.


Outro aspecto abordado no estudo foi a disponibilidade de quadras em número adequado na cidade. Para 13% dos entrevistados, a inexistência de instalações próximas da casa ou trabalho impede a prática de esportes. Além disso, os locais mais utilizados por quem se exercita ou se exercitou nos últimos 12 meses são as academias privadas, procuradas por 34% dos moradores, nem sempre acessíveis para as camadas mais baixas da população.


Ainda em relação à desigualdade de acesso a esses equipamentos, entre a parcela dos paulistanos considerados sedentários, ou seja, que não praticam nem praticaram esportes ou atividades físicas nos últimos 12 meses, 61% são da Classe C e 50% têm renda familiar de até 2 salários mínimos. Essa desigualdade fica ainda mais evidente quando é observado o perfil dos praticantes regulares de exercícios físicos, em que 60% são da Classe A ou B e 43% têm renda familiar superior a 5 salários mínimos.


Em periferias fora da cidade de São Paulo, a desigualdade também está presente. O jornalista Alberi Neto, do jornal Zero Hora, visitou as praças de sete bairros da periferia de Porto Alegre e constatou que muitos espaços precisam de manutenção. Em alguns deles, foram encontrados restos de lixo e cacos de vidro, que poderiam ser uma fonte de perigo para crianças. Em outros, não existe cobertura para a proteção nos dias de chuva, nem banheiro ou bebedouros para os frequentadores.


Quadras esportivas públicas nas periferias são importantes na promoção da saúde, integração social e desenvolvimento comunitário. Elas oferecem um espaço acessível para atividades físicas, promovendo um estilo de vida ativo e combatendo problemas de saúde relacionados à falta de exercício.


Por isto, a segurança ao redor dessas quadras é vital para garantir que todos possam desfrutar plenamente dos benefícios oferecidos. “Muitas pessoas começam a evitar esses lugares por insegurança devido a falta de policiamento”, diz a psicóloga comunitária Kátia Homobono. Um ambiente seguro incentiva a participação, especialmente de crianças e jovens, que muitas vezes são os principais usuários desses espaços. A presença de iluminação adequada, patrulhamento policial regular e ações para prevenir o vandalismo contribuem para criar um ambiente seguro e acolhedor.


Ao investir na segurança dessas áreas, as autoridades e a comunidade podem colaborar para criar um ambiente propício ao desenvolvimento físico, mental e social. Essas iniciativas não apenas promovem a prática esportiva, mas também contribuem para a construção de comunidades mais saudáveis e resilientes. “Esses ambientes são importantes para que as pessoas possam conviver socialmente e terem seus momentos de lazer”, acrescenta a especialista.


Em nota divulgada em 30 de novembro, o prefeito Ricardo Nunes (MDB), disse que está investindo R$127 milhões na recuperação de equipamentos esportivos. “Nós estamos fazendo uma maratona de ações para poder ter os espaços esportivos funcionando bem e com qualidade para população”, afirmou.

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