Slam da Guilhermina, promove a arte popular, incentiva debates políticos, e dá voz para que artistas da periferia protestem
Camilly Rosaboni e Gustavo R. da Silva
Em todas as últimas sextas-feiras do mês, a Praça Guilhermina-Esperança, na zona leste de São Paulo, recebe o Slam da Guilhermina. “O slam é uma competição em que acabamos protestando e falando de nossas inquietações, do governo, dos nossos sentimentos e fazendo crítica social. As pessoas têm necessidade de falar daquilo que vivem”, afirma o educador, pesquisador e slammer Daniel Carvalho.
A expressão inglesa slam, que se assemelha ao som de uma batida, é uma prática de competição de poesia falada, que surgiu em Chicago, nos Estados Unidos, em 1984, com Marc Kelly Smith. Para ele, era importante popularizar a poesia para que o público que estava fora de ambientes acadêmicos pudesse ter acesso.
No Brasil, o movimento começa a ter destaque em 2008, com o ZAP! Slam, criado por Roberta Estrela D’alva, atriz, slammer e atual apresentadora do programa Manos e Minas, da TV Cultura. Situado no bairro da Pompéia, foi o primeiro slam de poesia brasileiro. Pouco depois, em 2012, o ator, poeta e produtor musical Emerson Alcalde, que já frequentava as competições, decidiu fundar um slam em seu próprio bairro, a Vila Guilhermina.
O Slam da Guilhermina também é responsável por organizar o Slam Interescolar de São Paulo, competição de poesia entre escolas públicas da cidade. O projeto ganhou o Prêmio Jabuti em Inovação, no ano de 2021.
Conhecido também como Daniel GTR, Daniel Carvalho foi o vencedor da grande final do Slam da Guilhermina em 2016. Para ele, o público participante dos slams, em geral, é periférico e não elitizado. “Um público que tem a sua arte, cultura e literatura desvalorizadas e encontra no slam o seu espaço, seu campo de atuação”, ressalta.
A prática dos slams avançou o campo poético, e se tornou um movimento social da periferia, promovendo debates sobre educação, cultura, preconceito, violência, racismo etc. Os únicos recursos utilizados são o corpo e a voz, mas são suficientes para invadir o campo reflexivo daqueles que participam da competição.
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