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Camilly Rosaboni e Cecília de O. Freita

Migração Pendular nas grandes capitais brasileiras

A migração pendular que desloca um grande contingente humano diariamente aos seus destinos pode interferir em sua qualidade de vida.


Por: Camilly Rosaboni e Cecília de O. Freitas


[A lotação das estações, principalmente durante o horário de pico, é uma das dificuldades encontradas pelos passageiros. fonte: mobilize.org.br]


Sair de periferias e cidades vizinhas em direção às regiões centrais de metrópoles, para trabalhar, estudar ou mesmo realizar atividades básicas do cotidiano, como entretenimento e diversão, é a realidade de milhares de cidadãos, que lidam todos os dias com esse deslocamento em São Paulo. Levar horas de deslocamento nesse trajeto já faz parte de suas rotinas.


Conhecido na geografia como "migração pendular", o movimento é uma das grandes questões de mobilidade urbana na capital e região metropolitana paulista, onde, de acordo com dados da pesquisa "Origem e Destino 2017" - mais recente até essa publicação - aproximadamente 15,3 milhões de pessoas usam o transporte coletivo todos os dias.


A região atualmente conta com seis linhas de Metrô e seis de CPTM, além de 15 mil ônibus que compõem a frota paulistana. Todavia, a estrutura do transporte público da cidade, muitas vezes, é insuficiente para a demanda e apresenta diversos problemas, que dificultam e tornam mais cansativo o trajeto dos passageiros.


No caso do Metrô, cada linha tem características próprias. Enquanto a Linha 1 - Azul se caracteriza por um carregamento mais homogêneo durante toda a operação comercial, a Linha 3 - Vermelha é mais pendular, pois pela manhã, entre 6h e 10h, traz passageiros da Zona Leste para o Centro da capital e para a região da Avenida Paulista, por motivos diversos, mas com perfil predominante de trabalhadores para seus postos. No retorno, entre 18h e 20h, o contingente expressivo se desloca para a Zona Leste. De acordo com o Metrô, há estratégias operacionais, tal qual a oferta máxima de trens em horários de pico, para facilitar a locomoção.


Quanto à CPTM, conforme um levantamento feito pelo aplicativo Google Maps em 2019, a Linha 11 - Coral é a segunda linha mais lotada do mundo. Em 2015, a ocupação era de 8,1 passageiros por m². O congestionamento humano se intensifica entre as estações Itaquera e Tatuapé. Assim, muitos usuários enfrentam a superlotação para chegarem aos seus destinos e sentem seus efeitos no cansaço e no tempo de deslocamento.


Este é o caso da jovem estudante, Joyce Tenório, de 18 anos, que mora no bairro de São Miguel Paulista, e lida com os aspectos da migração pendular ao ir e voltar de sua faculdade, na Zona Oeste de São Paulo. “Primeiro pego a linha 12 - Safira (CPTM) de São Miguel Paulista até o Brás, faço baldeação para linha 3 - Vermelha (Metrô) até a República, e de lá pego a linha 4 - Amarela (ViaQuatro) até o Butantã e, por fim, pego o ônibus 8012-10, o qual me deixa na Cidade Universitária”, explica, dizendo que esse trajeto pode demorar até 2h.


Na experiência de Joyce, o transporte público, apesar de suas dificuldades, facilita seu deslocamento. Porém, há diferença entre transportes rodoviários e ferroviários. Em um dia em que estava voltando da faculdade apenas de ônibus, chegou a demorar 3h de viagem, um aumento de tempo se comparado ao uso de trens. Além disso, a previsão do tempo também influencia. “Choveu, parou. Nos dias de chuva, geralmente os transportes públicos andam mais vagarosos ou com paradas mais longas”, afirma ela.

Quanto às interferências emocionais, o caminho pode contribuir bastante. “Quando você começa a gastar tanto tempo assim no transporte público, o cansaço psicológico pode se tornar muito pesado. Já deixei de sair com amigos porque a viagem era longa (...) eu gasto quase 4h por dia nisso e tem gente que gasta mais ainda. Tem dias que eu passo mais tempo no transporte do que na própria faculdade (...). Tarde da noite, é muito fácil perceber o estado de exaustão de quem está ali compartilhando o trem com você, chega a ser deprimente”, conta Joyce.


A situação também pode ser percebida na busca por entretenimento. Com shoppings, museus, cinemas e afins localizados na região central da cidade, a necessidade de se deslocar em busca de seu acesso, acaba provocando novas migrações.

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