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Campanhas cobrem frio desigual

Atualizado: 5 de jul. de 2023

Diante do descaso dos Governos estadual e municipal, sociedade civil reage à insuficiência das políticas públicas em São Paulo



Foto da capa: Rovena Rosa/Agência Brasil


Por Lucas Lignon, Marcelo Teixeira e Marina Giannini


Cada dia mais próximo da metade do ano, novos recordes de noites frias são registrados; a madrugada com menor temperatura neste mês atingiu 4,3ºC na Zona Sul da Cidade de São Paulo. Mesmo antes do fim do outono, em maio, ao menos três pessoas morreram com suspeita de hipotermia – todas elas em situação de rua. O inverno chegou, e a população mais afetada pelas baixas temperaturas é aquela sem nenhum abrigo.


No dia 16 de junho, o Governo de São Paulo montou um novo abrigo emergencial na estação Pedro II da linha 3-Vermelha do Metrô. A estrutura, que será aberta nos dias em que as temperaturas atingirem menos de 10ºC, tem como objetivo acolher a população em situação de rua, oferecendo também roupas de inverno, pares de meia e sacos de dormir. A iniciativa, porém, não é suficiente para todos que precisam.


De acordo com dados do Cadastro Único para Programas Sociais (CadÚnico), 52.226 pessoas estão sem teto para se abrigarem do frio nas ruas da capital paulista, enquanto programas sociais na cidade oferecem apenas 24 mil vagas em abrigos.





Devido a insuficiência de políticas públicas, parte da sociedade civil mobiliza-se em ações solidárias. Diversas organizações, como a Campanha do Agasalho, arrecadam e distribuem cobertores e roupas de inverno à população em situação de rua. Perante o frio, tais ações atenuam as cruéis consequências da desigualdade.


Para além dos números

A exposição do corpo humano ao frio pode causar hipotermia, aumentar os riscos de doenças respiratórias, reduzir as atividades metabólicas e a imunidade. Quando associada à insegurança alimentar, higiene precária e vulnerabilidade social, a situação agrava-se, ameaçando a população desabrigada.


Bruno, que está em situação de rua há seis meses, conta ao Central Periférica como está enfrentando as condições do centro de São Paulo: “Tem feito muito frio. Mas ainda bem que, durante a madrugada, um homem me surpreendeu com cobertores.”


Os esforços do terceiro setor não se restringem à capital. Milhares de pessoas por todo o estado, e por todo o país, mobilizam-se neste período de frio rigoroso. Pedro Augusto Delgado, aluno de ciência da computação na USP São Carlos, por exemplo, trabalha como um dos coordenadores do projeto “Campanha USP do Agasalho”. Por meio de uma vasta arrecadação de roupas de frio, a iniciativa oferece condições para que pessoas em vulnerabilidade protejam-se do frio em São Carlos.


“Em 2019, a gente ajudou 35 entidades com 60.000 peças de roupa, mais do que a prefeitura conseguiu arrecadar”, conta Pedro. Nesse semestre, a campanha conseguiu distribuir, em parceria com diversos estabelecimentos, mais de 75 caixas pela cidade e arredores. Depois de coletar as roupas, os voluntários do projeto realizam uma triagem e distribuem as peças de acordo com a necessidade de cada entidade.


Triagem de doações por voluntários da Campanha USP do Agasalho em 2021 (Foto: Reprodução/Campanha USP do Agasalho)


Para Pedro, o propósito do projeto não se restringe a aquecer. “A peça de roupa é uma oportunidade para a pessoa ter uma vida mais digna. Às vezes ela está precisando para uma entrevista de emprego, ou é uma calça que não conseguiria comprar. É muito mais do que combater o frio”, explica.


Como ajudar?

A Campanha do Agasalho do Estado de São Paulo possui pontos em todas as estações de trens da CPTM e do Metrô. Também estão coletando peças em terminais de ônibus da EMTU e nas unidades do Poupatempo e da Sabesp. A prioridade é a arrecadação de agasalhos, meias, toucas e luvas, itens que são distribuídos pelo Fundo Social de São Paulo. A entidade também aceita doações em dinheiro para cobertores novos.


Para mais informações, acesse o site: http://www.campanhadoagasalho.sp.gov.br/

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