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Rosiane Lopes da Silva

Bibliotecas na pandemia e exemplos de solidariedade

Segundo dados da pesquisa Bibliotecas Comunitárias no Brasil: Impacto na formação de leitores, cerca de 86,7% das instituições estão localizadas em regiões periféricas que sofrem com problemáticas sociais como a violência, pobreza e a ausência de serviços públicos. “O poder público não nos vê, não vê também a nossa comunidade que é carente de políticas públicas”, relata Natanael, gestor fundador da Biblioteca Comunitária Espaço do Saber de Suzano e Projeto Formando Leitores.


Com a pandemia, tanto as bibliotecas comunitárias, quanto as públicas fecharam as portas. Em São Paulo, no final de abril, com a fase de transição no estado, algumas bibliotecas planejavam reabertura parcial ao público. No entanto, diante da instabilidade pandêmica muitas instituições na periferia continuam fechadas.


Nesse cenário, estudantes que dependem das bibliotecas para se manterem nos estudos saem prejudicados.


Larissa Proença, estudante de biblioteconomia da Universidade de São Paulo, indica que no atual cenário as informações são quase que exclusivamente passadas pelas mídias sociais, assim como as aulas nesse período também dependem de recursos tecnológicos. Para ela, o funcionamento das bibliotecas auxiliaria aqueles que não têm acesso a esse aparato.


“Tudo isso fez com que quem ainda não tivesse acesso à internet ou ao smartphone, tivesse que comprar ou dar um jeito — o famoso "se vira"— para que pudesse acompanhar o novo ritmo, principalmente das escolas, que não tinham — e ainda não tem — estrutura para auxiliar os alunos que não tem acesso ao mundo digital e se tem, é totalmente precário, diz ela”.


“Entendo que a biblioteca faz parte dos locais que propiciam a contaminação do vírus, principalmente por não ser uma área aberta, mas ela faz muita falta para quem não tem para onde correr”, complementa Larissa.

Ações sociais na pandemia

A pandemia trouxe consigo o reflexo das desigualdades no Brasil e mostrou quão vulnerável é parte da população humilde no país. Em vista desse cenário, as instituições comunitárias — criadas e mantidas pelas comunidades — também tomaram frente com ações solidárias.


Natanael aponta que a criação do Projeto Formando Leitores em conjunto com a biblioteca Espaço do Saber está ligada com a necessidade de atenuar as carências sociais presentes na comunidade, principalmente no contexto atual. “Durante a pandemia, uma vez por mês, nós estamos distribuindo de cinquenta a sessenta cestas básicas, que nós conseguimos com parceiros. Conseguimos cobertores em campanha de cobertores, roupas, calçados”, relata.


A Rede Nacional de Bibliotecas Comunitárias (RNBC), por exemplo, lançou, ano passado, uma campanha — “RNBC em apoio às comunidades” — de arrecadação de recursos para os moradores das regiões periféricas em que suas bibliotecas estão localizadas com o “objetivo de minimizar os impactos causados pela pandemia nos territórios periféricos”.

Ações como essas mostram que apesar de fechadas ao público, essas instituições se fazem presentes no cotidiano das comunidades periféricas para além do empréstimo de livros.

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