Enquanto HU fecha as portas, unidade atendeu mesmo com falta de equipamentos e testes
por Bruno Miliozi e Maria Clara Abaurre
[Foto: Arquivo do Jornal Notícias do Jardim São Remo]
A Unidade Básica de Saúde da São Remo mostrou eficiência e serventia durante a pandemia do novo coronavírus, apesar das dificuldades. Givanildo dos Santos, conselheiro estadual e municipal de Saúde, contou que, apesar da falta de equipamentos de proteção individuais para os profissionais de saúde no início da pandemia, os médicos e enfermeiros estavam bem organizados e comprometidos a atender a população.
Diante desse cenário de crise, foi preciso reorganizar as atividades, para evitar aglomeração e contágio nas Unidades Básicas de Saúde de todo o país. A UBS da São Remo suspendeu quase todos os atendimentos não essenciais nesse período e buscou instruir a população sobre os cuidados necessários no momento.
Cartazes, faixas e os próprios agentes de saúde ajudaram na orientação das medidas a serem tomadas – como evitar aglomerações, higienizar as mãos e usar máscara. Contudo, o fluxo de pessoas com suspeita de Covid ainda foi muito grande. A UBS chegou a receber uma tenda, onde profissionais faziam a triagem dos pacientes. Muitos moradores com sintomas mais brandos foram mandados para casa, tendo seu acompanhamento apenas por telefone. O teleatendimento não ocorreu em outras circunstâncias.
Um dos maiores questionamentos do Conselho da UBS, todavia, foi a falta de testes e de locais adequados para armazenar os exames colhidos. “Isso foi muito ruim, causou muito constrangimento para pessoas que estavam com todos os sintomas e passaram todo esse tempo sem saber se estavam com coronavírus”, conta Givanildo.
O Conselho questionou também a falta de equipamentos adequados no início da crise sanitária. “Os profissionais de saúde ficaram muito sentidos porque a população batia na porta e eles não conseguiam socorrer, por não terem o equipamento e as condições de trabalho adequados”, acrescenta o conselheiro.
Givanildo ressalta, ainda, a postura omissa do Hospital Universitário nesse período. “Foi vergonhoso”, diz, irritado com a situação, “o HU não abriu a porta nem para atender a população que necessitava de um atendimento básico”. As pessoas eram direcionadas à UBS da São Remo, causando tumulto e desgaste, e até os profissionais do próprio HU foram medicados, testados e afastados pela Unidade Básica.
Gerson Salvador, médico do corpo clínico do Hospital Universitário da USP, conta que a capacidade do atendimento ambulatorial foi reduzida durante esse período e ressalta que a principal porta de entrada para o Hospital é o pronto socorro, não apenas por conta da pandemia, mas porque o hospital funciona como uma unidade referenciada, recebendo casos da rede SUS-Butantã. O médico, que não responde pela gestão do hospital, não pôde esclarecer outros questionamentos e o Hospital não respondeu à nossa equipe.
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