Rosangela Ferreira, mãe e líder comunitária, conta como é combater o Coronavírus na São Remo
por Lívia Magalhães
Rosangela nas ações de distribuição de cestas básicas na comunidade. [Foto: Arquivo Associação Poliesportiva São Remo]
Em março de 2020, a pandemia de Covid-19 chegou ao Brasil e tornou ainda mais forte a necessidade de receber e de dar ajuda. Líderes comunitários e entidades do Jardim São Remo se uniram para combater o vírus e auxiliar a comunidade com produtos de higiene, de proteção individual e cestas básicas.
Uma dessas líderes é Rosangela Ferreira, de 43 anos, presidente da Associação Poliesportiva São Remo. Além de cuidar da associação e, com a pandemia, participar de ações de combate ao coronavírus, Rosangela ainda lida com os afazeres do cotidiano, como cuidar dos filhos e fazer o acompanhamento escolar deles.
“A gente procura encontrar um meio termo para realizar esses compromissos e atividades do dia-a-dia e também conseguir um tempinho para se doar ao próximo, para as atividades de ajudar o próximo”, conta.
E essa ajuda é fundamental. Segundo uma pesquisa publicada pela FGV Social, a renda do trabalhador brasileiro médio caiu em aproximadamente 20,1%. Já em dezembro, com o fim do auxílio emergencial em meio ao crescimento de casos de coronavírus, o fornecimento de cestas básicas se torna ainda mais necessário.
No mesmo mês que a pandemia chegou ao país, as entidades do Jardim São Remo se juntaram para formar o Coletivo das Entidades São Remo, que incluiu a Associação Poliesportiva, o Projeto Social Catumbi, a Associação dos Moradores, o Etnias Capoeiras e o Projeto Alavanca, além de lideranças individuais. O objetivo, explica Rosangela, foi formar ‘um braço só’, para enfrentar o coronavírus. Dessa forma, todas as necessidades e ações de distribuição ficariam centralizadas. “Através dessa união, foi possível atender uma grande parcela dos moradores”, diz.
Exemplo disso é a parceria do Coletivo com a Fundação Butantã. Em quatro ações, foram fornecidas o total de dez mil cestas básicas. De acordo com o censo do IBGE de 2010, São Remo tem cerca de 8 mil moradores, que compõem aproximadamente 2.500 famílias. “Então pelo menos durante essas 4 ações que fizemos, foi possível atender 100% da população”, explica Rosangela.
Além de cestas básicas, as ações de distribuição também distribuem álcool gel, produtos de higiene e máscaras, bem como orientações para evitar a propagação do vírus. Como a desinformação e as fake news em relação ao Covid foram muito presentes em 2020, Rosangela explica que aproveita essas ações para reforçar o que é necessário para que o Covid não circule na comunidade.
Rosangela comenta também que os moradores de São Remo são sempre participativos, se voluntariando para ajudar na entrega dos produtos. “Sempre que a gente tem alguma ação programada, já tem algumas pessoas que sabemos que sempre podemos contar”, pontua, “mas também é aberto a qualquer morador que queira participar”.
Outra prova da forte presença feminina nas iniciativas comunitárias é Fatinha, liderança do Instituto das Mulheres Mãe Zefa. Junto de alguns parceiros, o Instituto organizou uma live no dia das crianças, para substituir a tradicional Festa das Crianças, que costumavam fazer todo ano.
Com o isolamento social, opções de lazer ficaram muito limitadas e as lives, que são transmissões ao vivo nas redes sociais, se tornaram uma boa pedida. Durante a live Festa das Crianças, foram feitas várias brincadeiras, que incluíram até brindes, buscando engajar as crianças de São Remo.
De acordo com o IBGE, a quantidade de pessoas dedicadas a trabalhos voluntários e comunitários em 2019 estava em queda. Com a crise humanitária consequência do coronavírus - e de como a doença está sendo enfrentada - atos de solidariedade se tornaram mais necessários e, também, mais frequentes. Mobilizações como as de Rosangela, de Fatinha e de todos os voluntários de São Remo são fundamentais para o enfrentamento da pandemia e para fortalecer o companheirismo já tão presente entre os moradores da comunidade.
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