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A polêmica privatização do transporte

Atualizado: 17 de mai. de 2023

Greve e falhas no transporte público intensificam discussão sobre os atuais problemas enfrentados por trabalhadores e passageiros dos trens e metrôs


Por Beatriz Garcia, Davi Sampaio, Sarah Kelly e Sofia Zizza


O Ministério Público do Estado de São Paulo (MPSP) havia decidido por tomar providências em relação aos contratos de privatização das linhas 8 e 9 da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM). Entretanto, no dia 13 de abril de 2023 o MP se reuniu com o Governador do estado de São Paulo, Tarcísio de Freitas, e com representantes da ViaMobilidade e decidiu dar um novo prazo para a apresentação de novos indicadores de melhoria do serviço prestado.


A atitude do MPSP tem como principal motivação as recorrentes falhas relatadas nas linhas ferroviárias após a concessão para a iniciativa privada. Segundo dados de reportagem do jornal Brasil de Fato, entre janeiro de 2022 a janeiro de 2023, 132 falhas foram registradas nos trens e estações. A quantidade é sete vezes maior do que o contabilizado no último ano de operação pela CPTM.


Ana Beatriz Moura, estudante que utiliza a linha 9-Esmeralda todos os dias, revela que as falhas nos trens e estações aumentaram muito após sua operação pela ViaMobilidade. “Muitas vezes, em horário de pico, o trem para no meio do caminho, pois não tem energia para seguir viagem”, completa. Matheus Nascimento, que utiliza a linha 8-Diamante, relata um cenário muito semelhante: “O principal é a falta de zeladoria nas estações e trens. Desço na estação Lapa da linha diamante e é incrível o que se passa, tem uma obra na plataforma que está acontecendo desde novembro do ano passado”.


Sindicato luta contra privatização

Em entrevista ao Central Periférica, a presidenta do Sindicato dos Metroviários Camila Lisboa afirma que “a privatização é uma saída equivocada para a melhoria do transporte sobre trilhos". Ela acrescenta: "o Estado vai gastar mais dinheiro para enriquecer as empresas que vão ganhar o leilão e o serviço não será oferecido com qualidade e segurança".


[Arquivo Pessoal/Camila Lisboa]


Diante das adversidades apresentadas nas linhas, o sindicato contribuiu com as denúncias do Ministério Público. No caso do Monotrilho, a presidenta revela que o sindicato acredita que as colisões ocorreram devido a terceirização da manutenção permanente dos trilhos. Ela explica que mesmo antes das concessões, já existia a falta de funcionários e investimentos na modernização dos equipamentos. Camila Lisboa explica que as linhas, antes de serem concedidas, passam por terceirizações progressivas que sucateiam o atendimento ao público, causando, desta forma, mais danos.


Além disso, é válido ressaltar que o atual governador de São Paulo, Tarcisio de Freitas, no dia 10 de abril, anunciou a contratação de estudo que busca analisar a viabilidade da concessão de todas as linhas da CPTM.


Assim, face ao plano de privatização das linhas, a luta dos trabalhadores metroviários intensifica-se. Na mais recente greve, as reivindicações iam para além da exigência do pagamento do abono salarial, mas também exigiam o fim das concessões e terceirizações dos serviços de transporte, bem como o aumento de contratações por meio de concursos públicos.


Também a fim de contornar tais injustiças, os metroviários se organizaram em uma audiência pública ocorrida no dia 11 de abril, que discutiu os temas de privatização e terceirização do transporte sobre trilhos. Quando questionada acerca das diferenças entre as gestões da Cia. do Metropolitano, Via Mobilidade e ViaQuatro, Camila responde que a principal diferença é que a empresa pública, por tratar de necessidades básicas dos cidadãos, não deve visar o lucro. Além disso, ressalta que a CPTM e o Metrô possuem os conhecimentos e procedimentos necessários para resolver os problemas rapidamente, já que parte do treinamento dos técnicos é a cronometragem do tempo de lidar com incidentes, algo que nem sempre ocorre nas demais linhas.


O Central Periférica entrou em contato com a Cia. do Metropolitano mas até o fechamento desta edição não respondeu à reportagem. A matéria será atualizada caso a companhia envie seu posicionamento.


Nesta segunda (17) a ViaMobilidade entregou um plano de melhorias das linhas 8 e 9 para evitar o rompimento de contrato. O documento prevê investimento de 87 milhões adicionais ao contrato de concessão. Confira aqui as estações contempladas.

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