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Casa Cristã do Idoso: rede de apoio

A comunidade criada na Casa serve como rede de apoio a todos os frequentadores e, mais que isso, serve como exemplo de como envelhecer bem.


Julia Estanislau e Raquel Tiemi


Registros de festas julinas da Casa Cristã do Idoso de anos anteriores

[Imagem: Arquivo pessoal/Raquel Tiemi]

A população está envelhecendo em todo o mundo e as projeções indicam que, no Brasil, a pirâmide etária pode inverter, ou seja, a quantidade de mais velhos vai ultrapassar a de jovens e adultos. Segundo dados do IBGE, o país teve um crescimento de 39,8% da população com mais de 60 anos de 2012 até 2021. Essa parcela da população já corresponde a 14,7% do total. Com isso, o Estado e a própria sociedade devem refletir sobre como encaramos o processo de envelhecer.


A Casa Cristã do Idoso, localizada no bairro Vila Lageado e ao lado da comunidade São Remo, tem esse propósito. A instituição sem fins lucrativos é gerenciada pelo casal Silva, Carmélia e Paulo, e já funciona há mais de 10 anos. No início, o projeto tinha como objetivo criar um asilo com o apoio da prefeitura, porém, sem a adesão de muitos idosos do São Remo, isso não aconteceu.


“A gente não tem retorno financeiro, apenas emocional e espiritual”, disse Carmélia. A Casa funciona, a partir do trabalho voluntário e de doações, para assim proporcionar um ambiente de convívio para os idosos. Toda terça e quinta, o dia começa como uma roda de conversa. Muitas das vezes, quem escolhe o tema da conversa é Zélia (70 anos), uma vez que, além de frequentadora, é enfermeira de saúde mental formada.


Como uma de suas contribuições, teve a ideia de criar uma estante de livros. Uma iniciativa como essa, mais que promover um convívio entre os membros da Casa Cristã do Idoso, tem impacto também na preservação da saúde mental. “Exercitar a mente é muito importante”, afirmou Zélia.


Tão importante como essa, a saúde mental na velhice é pouco discutida. A depressão é muito comum entre idosos e, hoje, estima-se mais de 300 milhões de pessoas com o diagnóstico. Por isso, uma rede de apoio, com a possibilidade de exercícios físicos, conversas entre amigos e o compartilhamento de experiências e sentimentos, torna-se de extrema importância para a preservação do corpo e da mente nessa faixa etária.


Além da ginástica e da yoga, o artesanato é muito presente na rotina desses idosos. A Maria (73 anos), diagnosticada com Alzheimer leve, tem na arte seu passatempo preferido como meio de se manter ativa. Para ela, o que importa é estar em comunidade com seus colegas e se coloca a disposição deles, mesmo que não frequente a Casa tanto quanto gostaria, já que nos dias de funcionamento também faz acupuntura e fisioterapia. Atualmente, está ensinando sua amiga a costurar. “Só temos o hoje, então vamos fazer o melhor possível”, diz. Nesse pequeno gesto de carinho, nota-se um pouco da imensa rede de apoio criada na Casa Cristã de Idosos.


“Eles adoram o diálogo, a conversa para saber como o outro está. Eles se preocupam quando alguém está doente, quando alguém não vem”, declara Carmélia, que também se sente parte dessa comunidade. Ela diz que, mesmo durante a pandemia, eles encontraram meios de se reunir: “A casa ficou fechada mais tempo do que eles. Eles se reuniram na praça Elis Regina”, conclui.


A iniciativa antes recebia alunos da USP, que eram voluntários e ajudavam nas atividades, como acompanhamento psicológico. Hoje, não há mais esse voluntariado, porém é um desejo dos integrantes da Casa Cristã do Idoso que isso volte a acontecer, não apenas pelos benefícios, mas também pela companhia. Quem tiver interesse ou queira ajudar de alguma forma, entre em contato com Carmélia (9 7171-1955) ou Paulo (9 6660-7941).


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