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A ascensão do EaD no Ensino Superior

A pandemia gerou mudanças nas universidades através do ensino a distância, que ainda tem muitos problemas



Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil


Por Mirela Costa, Nicolle Martins e Pedro Morani


O EaD — o ensino a distância — na educação superior tem ganhado mais adeptos nos últimos anos e se potencializou, sobretudo, a partir da pandemia de Covid-19. Pela primeira vez, a maioria dos alunos de graduação (52%) esteve matriculada na modalidade, segundo avaliação de cursos do ensino superior conduzida pelo Ministério da Educação (MEC) e o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).


O surgimento e a regulamentação do EaD

A legislação brasileira conta com bases de regulamentação do ensino a distância desde 1996. O EaD é anterior à popularização da internet. Desde 1939 é possível realizar cursos a distância por meio de correspondências, mas a modalidade ganhou força anos mais tarde através do rádio e da televisão. Um exemplo é o Telecurso 2000, iniciativa da Fundação Roberto Marinho e do sistema FIESP.


Apesar da Lei nº 9.394/96 estabelecer as diretrizes para esse tipo de ensino e de surgirem cursos de pós-graduação em formato EaD em 1997, o MEC (Ministério da Educação) começou somente em 1999 a credenciar instituições universitárias para o ensino a distância.


O Censo da Educação Superior de 2021, promovido pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), mostra que as vagas em cursos de graduação EAD tiveram aumento de 23,8%. Já as vagas presenciais caíram 2,8%. Enquanto isso, dados divulgados pela Escola Nacional de Administração Pública em 2022, 61% dos estudantes ingressam no ensino a distância (EAD).

Em 27 de Novembro é celebrado o Dia Nacional da Educação a Distância, instituído pela Associação Brasileira de Educação a Distância (ABED) Imagem: Divulgação/MCTIC


Desafios da modalidade

Apesar de contarem com uma quantidade maior de estudantes, os cursos online ficam atrás dos presenciais nas notas alcançadas pelos universitários no Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade), que é a avaliação aplicada pelo governo federal aos estudantes no último ano de graduação.


O Inep afirma que é um desafio manter a qualidade de ensino na modalidade à distância. Fatores como perda de experiência prática, falta de manuseamento de instrumentos e ausência de contato com o público são apontados como potentes pontos de defasagem no modelo.


Já a Associação Nacional das Universidades Particulares considera natural o processo de transição das aulas presenciais para as remotas. Segundo a associação, essa tem sido uma demanda cada vez maior dos próprios estudantes. Os cursos EaD costumam ser oferecidos por pacotes de valor mais acessíveis, o que impacta a preferência dos alunos. Além disso, as dificuldades no trajeto entre moradia e faculdade e a custosa conciliação entre graduação e trabalho são consideradas na escolha da modalidade.


Embora o ensino a distância garanta facilitações no cotidiano dos universitários, as aulas online também impõem barreiras à aprendizagem efetiva e ao convívio entre discentes e professores. Beatriz Oliveira, cursante de Nutrição da Uninove, afirma que o período pandêmico prejudicou consideravelmente a comunicação entre os alunos e as maiores instâncias da faculdade. “A comunicação com a coordenação é lamentável, visto que é extremamente complicado ter informações e explicações esclarecidas, aparentemente não são organizados, o que afeta esse diálogo”, relata a estudante.


Passada a pandemia de Covid-19, Beatriz aponta a precarização cada vez maior do cenário. “As aulas também eram ao vivo na pandemia e não ficavam gravadas. Isso prejudicou muitos alunos, considerando a instabilidade da internet e problemas pessoais também”. Como o curso se mantém no modelo híbrido, que implica a simultaneidade de aulas presenciais e remotas, a estudante acrescenta que os problemas ocasionados pelo EaD permanecem como um obstáculo à formação dos alunos.


Emilly Oliveira, estudante de jornalismo em uma universidade particular e a distância, acrescenta que “para além da dificuldade que foi a falta de interação presencial entre alunos e professores, o desconhecimento sobre as ferramentas disponíveis e confusão com outras modalidades também foram problemas dificeis”.


Meios como o Moodle, o Google Classroom e o Microsoft Teams passaram por atualizações e receberam muitos novos acessos após a pandemia, mas ainda são considerados de difícil entendimento. Mesmo assim, essas tecnologias passaram a integrar o Ensino Superior para além dos cursos a distância, já também fazem parte de alguns cursos presenciais.



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