O projeto Alavanca em parceria com o Grupo Mulheres do Brasil possibilitou que mulheres com pequenos negócios pudessem conseguir um empréstimo sem juros para seus empreendimentos
Por Julia Magalhães
Da esquerda para a direita, temos as mencionadas na matéria: Andréia, Maria José, Rosária, Íris e Patrícia [Imagem: Reprodução/Julia Magalhães] “É importante, primeiro para empoderar a gente, né? Saber que lá fora existem pessoas que pensam em nós aqui dentro, começa aí. Você se sente importante. Segundo que te dá uma outra perspectiva de futuro, se você ampliar, você consegue sonhar mais”.
Segundo dados divulgados pelo Sebrae, a participação das mulheres no empreendedorismo caiu de 50% para 45,9% durante a pandemia. Pensando nisso, o Grupo Mulheres do Brasil (MdB) através do Fundo Dona de Mim tomou a iniciativa de facilitar empréstimos para mulheres empreendedoras. Uma das parcerias do MdB foi com o Projeto Alavanca, o qual busca, desde 2004, promover melhorias sociais para a comunidade São Remo.
De acordo com o presidente do Projeto Alavanca, Reginaldo Santos, a parceria consiste em uma busca de mulheres empreendedoras para um empréstimo sem juros, disponibilizado pelo Fundo Dona de Mim.
O projeto foi dividido em 4 etapas
A primeira etapa resume-se na identificação das empreendedoras. Nessa parte haverá uma identificação das mulheres interessadas seguidas por entrevistas, com o intuito de saber como as mulheres usarão os recursos disponibilizados, quais são os seus negócios e a situação atual destes. Por fim, cria-se um grupo e elege-se uma líder. Para que o projeto ocorra é necessário um grupo formado de cinco mulheres.
Rosária Russo, de blusa branca e colar, com as alunas do curso de empreendedorismo na sede do Alavanca [Imagem: Reprodução/Arquivo pessoal]
Já na segunda etapa há uma preparação para obter o empréstimo. As empreendedoras realizam uma inscrição no MdB e necessitam fazer um curso on-line do Instituto Rede Mulher Empreendedora, o qual visa garantir a independência financeira das mulheres. Segundo Ivete Rodrigues, voluntária do projeto Alavanca, o curso é importante para que haja uma compreensão do que é um negócio, da necessidade de separação entre o dinheiro da família e o dinheiro do empreendimento. Portanto, o curso serve como uma capacitação empreendedora. O grupo atual da comunidade São Remo encontra-se nessa etapa e recebe a mentoria da especialista em gestão de projetos, professora Rosária Russo. Ainda nesta segunda parte é preciso preencher um formulário e anexar o CPF. Não há a obrigatoriedade de uma micro empresa, tudo para facilitar o processo.
Na penúltima etapa, é acordado o fechamento do empréstimo. Há uma análise do Banco Pérola, responsável pelo Fundo Dona de Mim, e o envio do contrato que será assinado pela líder do grupo. Então, é disponibilizado um empréstimo de R$ 2.000,00 para cada mulher participante.
Assim, a última etapa consiste no pagamento do investimento e acontece somente após uma carência de quatro meses. As mulheres podem pagar em boletos de R$166,67 por 12 meses. Esse período é importante para que haja uma estabilização financeira dos negócios dessas empreendedoras e elas possam pagar o empréstimo de maneira mais segura e sem juros.
A importância para as mulheres empreendedoras participantes
Rosária e Íris na barraquinha de cachorro quente [Imagem: Reprodução/Rosária Russo]
Em entrevista ao jornal Central Periférica, Íris, que é dona de uma barraquinha de cachorro quente há três anos, afirma que pretende comprar uma pasteleira e mesas para seus clientes com o empréstimo do projeto. Ela ainda diz que o curso disponibilizado abriu a sua mente e a ensinou como gerir o próprio empreendimento. Íris vê a importância dessa parceria como uma maneira de conseguir aumentar o seu negócio e apresentá-lo dentro da sua comunidade, pois pelo tamanho desta acaba passando despercebido. A empreendedora Andréia, responsável pela fala no começo do texto, é cabeleireira e vendedora de roupas e cosméticos. Ela concorda com Íris a respeito do curso ter aberto sua mente e que ele está a ajudando bastante. Andréia reitera que se sente importante dentro do projeto e finaliza agradecendo Rosária Russo pela paciência e por disponibilizar essa oportunidade. Ainda sobre as mulheres participantes, Patrícia, que também é cabeleireira, trabalha em um salão de beleza e ainda faz design de sobrancelhas. Ela deseja o empréstimo para poder se especializar em alguns cursos da sua área. Patrícia já tinha conhecimento em empreendedorismo, mas mesmo assim achou o curso bacana. “Eu acho que empodera mais, né? Não é só você ficar dependendo de outras pessoas. Acho que o projeto em si, ele pode abrir portas para outras pessoas, que de repente estão ali acomodadas, com medo, que não têm de onde tirar para correr esse risco e precisam correr esse risco para ter resultado”, afirma a cabeleireira sobre a importância do projeto.
A quarta entrevistada foi Maria José, que trabalha com artesanato. Ela faz crochê e panos de prato. Maria José achou o curso excelente e disse que aprendeu bastante, ainda enfatizou que nele se aprende como palavras positivas podem ser necessárias para o negócio. Maria José acredita que o projeto é importante por disponibilizar um empréstimo sem juros e porque vai ser um investimento. Ela deseja colocar uma banquinha para a venda dos seus produtos.
Por fim, Rosária Russo, a responsável pela mentoria dessas mulheres, afirma que essa independência financeira é muito necessária para que elas consigam alavancar os seus negócios, para complementar a renda e ajudar a família. Ela ainda acrescenta como é importante essa oportunidade que o Grupo Mulheres do Brasil (MdB) dá para outras mulheres, pois é muito bom ver elas se desenvolvendo.
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