Projeto marca presença na Feira Nacional da Reforma Agrária; espaço pedagógico visa o combate à fome com alimentos orgânicos e saudáveis
Por Alicia Matsuda, Artur Abramo e Beatriz Haddad
4° Feira Nacional da Reforma Agrária no Parque Água Branca, em São Paulo-SP (Foto: Arquivo Pessoal/Alice Matsuda)
O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) inaugurou, no dia 29 de abril, o projeto “Cozinha Escola Para Brilhar Dona Ilda Martins”, com o objetivo de estimular a formação de cozinheiros populares e promover a alimentação saudável nos centros de São Paulo.
A iniciativa chega à cidade como um projeto conjunto entre a rede de cozinheiras e ativistas da região (Programa Gente É Pra Brilhar) e o grupo Prerrogativas, formado por advogados, professores, artistas e juristas. A proposta é a criação de um ambiente de trocas de conhecimento acerca do impacto da alimentação saudável na vida da população e da necessidade de reformas nos atuais sistemas alimentares do Brasil, além de disseminar o conhecimento sobre técnicas culinárias e de nutrição.
A inauguração da Cozinha Escola também contou com participação na 4ª Feira Nacional da Reforma Agrária (Fenara), organizada nos dias 11 e 14 deste mês. O evento promove a venda dos produtos in natura e agroindustrializados produzidos nos assentamentos do MST pelo país. Além de arrecadar fundos para o movimento, a ideia é atuar como forma de denúncia ao uso de agrotóxicos em excesso nas produções e ao avanço da violência do agronegócio.
Foto: Arquivo Pessoal/Alice Matsuda
Wanda Maria, integrante do assentamento Fidel Castro, em Alagoas, destaca que a produção não é apenas de subsistência: "A importância da produção do MST é que a gente produz tanto para a gente se alimentar com um produto saudável quanto para vender na feira e saber que o povo não está se envenenando. Ela acrescenta ainda que a Feira cumpre papel importante de mudar a imagem do MST na cabeça das pessoas e mostrar que o movimento também é fonte de "conhecimento e troca de experiências".
O Cozinha Escola também surge nessa perspectiva. Com equipamentos localizados no Galpão do Armazém do Campo (Alameda Eduardo Prado, 499), na região central da cidade, o objetivo é reunir cozinheiros na atividade de formação e lutar pela defesa da produção familiar. De acordo com Carla Bueno, membro da coordenação do MST em entrevista ao portal Brasil de Fato, a ideia é "reunir todos os aliados na defesa da alimentação saudável, contra a fome, para desenvolver processos pedagógicos dentro dessa cozinha".
O nome do projeto é uma homenagem à Ilda Martins da Silva, ex-presa e exilada política que engajou-se no movimento sindical como uma das participantes mais ativas na greve de 1959, por melhores condições de trabalho e contra o aumento salarial. Para Carla: “É uma maneira de homenagear as cozinheiras que estão nos nossos assentamentos, que fazem um trabalho incrível de produzir e de preparar esses alimentos, que muitas vezes passam pela vida e ficam invisibilizadas aos olhos mais amplos".
Foto: Arquivo Pessoal/Alice Matsuda
A iniciativa surgiu a partir de ações de solidariedade de cozinhas da região que preparavam e entregavam marmitas a pessoas em situação de vulnerabilidade social e alimentar, principalmente no período da pandemia. O objetivo central das famílias do MST envolvidas no projeto é reivindicar a luta pela Reforma Agrária e promover a valorização da alimentação saudável, através das formas de produção mais ecológicas existentes no campo.
Foto: Arquivo Pessoal/Alice Matsuda
Delwek Matheus, membro da direção estadual do MST e integrante da coordenação da Fenara explica, em matéria do veículo Brasil de Fato, que, no período da pandemia, houveram ações de solidariedade com organizações populares da periferia. "Vamos valorizar essas organizações que se preocupam com a alimentação, com as condições de vida da periferia, e construir essa ação de solidariedade com eles", afirma o membro do movimento.
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