Medidas tomadas auxiliam moradores a driblar carências. A eleição de 2020 foi adiada.
por Bruno Miliozi e Maria Clara Abaurre
Membros da Associação durante campanha de arrecadação. [Foto: Givanildo Santos/Arquivo pessoal]
A Associação de Moradores da Favela do Jardim São Remo está atuando intensamente neste momento difícil da pandemia do Covid-19. Em um cenário de muitas dificuldades, falta de estrutura, recursos e alimentos, a associação, que existe desde 1994, foi capaz de organizar a doação de mais de 20 mil cestas básicas, dentre outras ações beneficentes, como distribuição de marmitas e ítens de higiene.
Givanildo Santos, membro da Associação, contou que o trabalho está sendo muito eficaz, com uma ótima comunicação com a comunidade e muitas ações de impacto. “A Associação está sendo muito ativa nessa pandemia, foi um exemplo. Quase toda semana temos de duas a três doações, com cestas básicas, cestas de verduras, álcool em gel, produtos de limpeza, tudo para os moradores não passarem necessidade”.
A moradora Mônica recebeu cestas e valorizou a atuação da associação: “Foi muito útil, eu só tenho a agradecer pelo o que eles fizeram. A associação dá um grande respaldo na vida das pessoas da comunidade. Sempre que precisam de alguma coisa, as pessoas correm para lá e, o que eles podem fazer, eles fazem”.
Por trás dessas ações, está um grupo de pessoas mobilizadas e engajadas. "O Grupo do Covid”, como foi chamado, conta, por exemplo, com pessoas ligadas à UBS, à Igreja local, ao Projeto Alavanca e também com moradores voluntários.
Segundo Givanildo, o trabalho foi tão bem feito que acabou quebrando barreiras, ajudando pessoas de fora do Jardim São Remo. “A Associação supriu carências até em outras comunidades. Ela liderou doações e ajudou gente da Favela 1010, Itapevi, e pessoas de vários locais que vinham pedir ajuda. Foi um trabalho tão bem organizado que criou uma rede de comunicação entre mais de 50 favelas”, conta o conselheiro. Uma conhecida de Mônica, moradora do Jardim Boa Vista, foi uma das que recebeu essa ajuda. A mulher, mãe de três crianças, viu seu barraco cair, mas com a recomendação de Mônica, ela procurou e recebeu auxílio da Associação são-remana, mesmo não morando na comunidade.
Eleição de 2020 adiada
A eleição para a nova diretoria da Associação estava prevista para esse ano. No entanto, não deve acontecer antes que a situação do coronavírus esteja controlada. Segundo Givanildo, como as fases de assembleia e de votação envolveriam encontros presenciais, a Associação optou por não colocar seus moradores em risco. “A diretoria deve se organizar para lançar a eleição, em um processo democrático, mas, nesse primeiro momento, com a contaminação por coronavírus em alta, chamar eleições seria muita irresponsabilidade, colocaria a comunidade em risco”.
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